<BODY> sequissudoxtequinina - sedotec em pastilhas - versão 13b



domingo, junho 18, 2006 
 
"Obrigado, meu deus, por ser viado" (ou 'esse texto faz muito mais sentido para mim - e acho que para a Bia - do que para vocês')
Hoje foi o dia da Parada do Orgulho Gay em SP. Com 3 milhões de participantes, a maior parada do mundo, bom dizer. Agora uma coisa que não entendo é essa história de orgulho gay. E olha que sou gay. Mas mesmo assim não entendo. Não tenho orgulho nenhum. Muito menos vergonha, bom dizer. Primeiro porque orgulho só tenho daquilo que consigo através do meu esforço. Não algo com o qual nasci, estava lá e não havia nada que eu pudesse fazer. Tipo ter orgulho de ser brasileiro. Acho até bem maneiro (principalmente em época de Copa) mas orgulho, orgulho mesmo nenhum. Como orgulho de ter duas pernas, duas pintas na nuca, punho fino ou pau grosso. Não existe isso. Tenho orgulho sim de saber falar um pouco de alemão (já soube muito), de conseguir juntar 40% do meu salário há quase 6 meses ou de comer no McDonald's no máximo uma vez por mês e sempre obrigado. Segundo porque essa história de orgulho é coisa de americano. Mas americano também vota no Bush, fala afro-americano no lugar de negro e come no McDonald's mais de uma vez por mês e porque quer. Ou seja, americano não é parâmetro para porra nenhuma. Terceiro porque viado é tudo escroto. Falo mesmo, porra. Generalizo mesmo. Viado é escroto. Ou pode ser também que o problema seja meu que não tenho paciência para eles. Ou nós. Tenho isso mesmo, é sem explicação - tipo gostar pra caralho de Armand van Helden, não ter paciência para mineiro ou para gente muito feliz (imagina o ódio que tenho daquela Cicarelli). É algo acima do meu querer e controle. Talvez por entender a mente de um viado. Vou te dizer que prefiro nem dizer o que se passa aqui dentro. Dá até calafrio. Nós somos escrotos, pronto. Prefiro deixar por aí. Juro que já tentei me olhar no espelho e soltar um "nossa senhora, que orgulho de preferir fuder homem" bem espontâneo. Mas não consegui. No máximo consigo falar um "aí, normal ser viado, falou?". Assim como não consigo cantar "sou, sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor" (a não ser, é claro, que o hexa venha e eu já tenha bebido mais que 10 cervejas). Confesso que se tivesse escolha seria hetero. Ou careta, como nós escrotamente chamamos. Eu não chamo. Mas nós chamamos, entende? Primeiro porque minha terapeuta diz que sou complicado a ponto de ser um "heterossexual enrustido". Segundo porque acho mesmo que pau foi feito para 'buceta'. Pau e cu é meio nojento e o encaixe na 'buceta' é bem mais aconchegante. É só provar os dois e tudo fica claro. Pau foi feito para 'buceta'. Não para cu. E 'buceta' foi feita para pau. Não pra 'buceta'. Pau só existe pra encaixar em 'buceta' e 'buceta' só existe pra ser encaixada por pau (esse assunto se prolongou bem mais que planejava - o que alguns copos de vodca não fazem ao ser humano). E o terceiro já falei: porque viado é tudo escroto. Não estou dizendo que se você é gay (e se você é, com certeza você sabe. Se está em dúvida, com certeza você é), vai fingir que não é contigo, se formar em direito, casar com uma mulher para depois ficar chupando office-boy trancado no escritório ou comer os caras só porque eles querem fazer parte do elenco da sua novela. Se você é, nem "parabéns" e nem "sinto muito". Se você é, viva sua vida. Uma vez assisti num documentário (coisa de viadinho) um homem dizer que tinha duas escolhas: ser feliz tentando fazer os outros felizes ou fazer os outros felizes sendo infeliz. Não preciso dizer que o homem era gay (assim como todos naquela sala de cinema do Espaço Unibanco que, a propósito, só é frequentado por baitola). Então ele escolheu a primeira opção. Eu também. E acho que todo mundo também devia. Nem precisa ter orgulho. Ou tenha. Mas vive, porra.