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segunda-feira, novembro 26, 2007 
 
Diário de bordo (ou impressões de Salvador em 48 horas)
Os estrangeiros são donos de 80% dos negócios em Salvador, sendo 80% deles italianos. No ramo das pousadas e apart-hotéis os italianos são maioria esmagadora com aproximadamente 92% dos estabelecimentos. Lógico que inventei todos esses números mas devem estar bem próximos do real, tamanha é a dominação estrangeira por lá. Salvador deve ser a cidade com o maior número de pilantras do planeta. E olha que para um carioca reparar nisso é porque o negócio é punk mesmo. A quantidade de gente querendo achacar e ganhar dinheiro em cima dos forasteiros é impressionante. Dá até aflição imaginar o que os gringos com aquela cara branca de otário sofrem por lá. Sorte de Salvador não fazer parte do eixo Rio-São Paulo porque ficando mais por fora da mídia, não tem fama de terra de Marlboro pior do que o Rio, coisa que certamente deveria ter. O Chiquinho da Eliana ainda existe por lá. E existe um programa para servidores públicos (sim) na televisão chamado 'Servidor e Cia' que ainda por cima usa Daft Punk como música de fundo para as matérias. Ninguém sabe dar informação em Salvador. Ninguém. Nem taxista ou jornaleiro consegue informar sobre ruas. Mesmo estando a apenas quatro quadras daquela que você está perguntando sobre. Eu, um carioca, fui entrevistado num shopping de Salvador por uma empresa paulistana para sair no site do McDonald's que é uma empresa americana. Globalização. Os ônibus especiais que fazem o trajeto do aeroporto para a cidade param de circular às 10 da noite e o táxi comum de lá até a Barra onde fiquei custa 70 reais. Tomar no cu. Em Salvador tem Burger King. No Rio não. Sagatiba. Não voltei com fitinha do Senhor do Bonfim amarrada no braço. Sofri uma tentativa de assalto. Andando na rua de madrugada dois caras me cercaram, um deles dizendo que estava com uma faca. Quando o outro me puxou pelo colarinho da camisa e engrossou as ameaças, me veio o pensamento: eu, um carioca que passa todo santo dia na Linha Vermelha e vai sentado na última fileira do ônibus com o braço para fora vou ser assaltado em Salvador como se fosse um mero turista alemão? A resposta veio rápida: não mesmo. Dei um empurrão no cara que me segurou pelo colarinho que voou longe tentado me dar um soco e corri na direção oposta do outro que dizia ter a faca. E me baixou o Forrest Gump. Quase virei para trás pra mandar tomar no cu que sou da cidade do Caveirão. Mas resolvi correr mais 7 minutos e meio para garantir. Salvador pode ser uma cidade deslumbrante para paulista e turista europeu. Para carioca é apenas mais uma cidade razoavelmente bonitinha. O povo lá tem mania de chamar os outros de 'man'. Sagatiba. A miscigenação fez um belo trabalho por lá. Não tanto quanto em Recife, mas ainda assim um belo trabalho. Enquanto branco burguês, sempre achei discursos sobre questões raciais meio exagerados. Mas visitar um estado que tem 75% de população negra e reparar que num shopping center lotado os únicos negros presentes faziam a limpeza da praça de alimentação é de repensar o que você enquanto branco burguês sempre achou. O pôr-do-sol visto da praia da Barra com o Farol no horizonte valeu a viagem. Isso e mais aquilo e aquilo outro. E hippie é a puta que te pariu.